Quatorze de agosto de 1969, Santa Casa de Misericórdia de Porto
Alegre motivo de orgulho.
Após fazer o curso de atendente de enfermagem por um ano fui
ali exercer minhas atividades, conheci o primeiro andar da Santa Casa onde era
chamado de “depósito” ali em um corredor escuro, pouco iluminado se encontravam
pacientes sem perna, sem braços deitados no chão ou dormindo em bancos ou
cadeiras por motivos diferentes.
Alguns não tinham para onde ir, outros eram rejeitados pela família
e de acordo com o quadro clinico e a gravidade subia para o andar, este mesmo
corredor tinha acesso aos ambulatórios onde circulavam médicos, enfermeiros e
pacientes que vinham consultar.
Fui conduzido então a enfermaria 20 no terceiro andar onde
formei grupo com outros colegas, nossos pacientes alguns não tinha boca, nem
nariz apenas abertura para colocar a sonda e ali convivi trabalhei e ajudei
pessoas com todo tipo de câncer, após seis meses fui convidado para trabalhar
na urologia onde conheci profissionais do mais alto nível da medicina.
Hoje 20 de fevereiro de 2016 retorno a um dos hospitais também
de referência em Porto Alegre conduzindo um familiar de 74 anos para
atendimento na emergência e me deparo e fico surpreso pois aquilo que vivi a 45
anos atrás se repete em minha frente parece que anos não se passaram, pacientes
mal acomodados deitados no chão recebendo ali a sua medicação todos atendidos
por excelente profissionais da saúde atendendo esses pacientes com muito
carinho uma dedicação humana pouco vista nesses lugares.
Para quem precisa de atendimento sofre muito e tem que ter
muita paciência, pois o tempo de atendimento e resultados de exames pode
ultrapassar 12 horas para que o médico tenha o diagnóstico.
Não podemos negar que isso faz parte de nossa vida ontem e
hoje.
Lembro quando um Médico Clinico geral em um de nossos procedimentos
com uma fronha dobrada em baixo da máscara, para poder respirar olhou para mim
e disse “ QUEM TRABALHA EM MEDICINA NÃO PODE PENSAR APENAS FAZ E EXECUTA”.
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