No mês de abril de 1958, meu pai conversava com minha mãe durante o almoço.
-Vamos ser transferido novamente.
-Para onde? Perguntou minha mãe.
-Não sei já moramos em tantas cidades.
-Gostaria de voltar para Ramis Galvão um bairro da cidade histórica de Rio Pardo do estado do Rio Grande do Sul. Disse minha mãe.
Meu pai era telegrafista e farmacêutico formado.
Morávamos num local chamado Porto do Conde, la existia como meio de tratamento de saúde uma única farmácia com sistema de manipulação dos medicamentos, pertencente a cooperativa dos ferroviários, onde vinham também a população dos arredores para consultar, na busca de tratamento para sua saúde.
Não existia medicação industrializada meu pai manipulava formula sobre prescrição médica e servia esta comunidade, médicos somente nos grandes centros e tudo funcionava de acordo com a época.
Foi inevitável que durante os seis anos o então seu João Farmaceti como ficou conhecido, tendo como meio de comunicação o telegrafo para o povo daquele local era muita sabedoria, meu pai por outro lado tratava tudo com muita naturalidade, encaminhava pessoas para Porto Alegre.
Enquanto isso o governo brasileiro fervilhava em desafeto, certo dia chegou a inspetoria determinou o prazo de encerramento do núcleo ferroviário naquele local , assim que a população teve conhecimento fizeram listas e ouve o clamor geral, imaginamos deve ter sido muito duro para as pessoas ficarem sem a única pessoa que não tinha dia e nem hora para atender aqueles que necessitavam.
Fica aí um registro de amor que as pessoas jamais devem ter esquecido.
Reconhecimento eu faço ao meu pai João Antônio Machado (em memoria) pelo nível intelectual que nunca serviu de vaidade, ficou conhecido no meio esportivo da época como João Maranhão.